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  • Diego Burger

Em busca da felicidade corporativa

Como o bem-estar pode ser uma estratégia para reconhecer o empenho dos colaboradores e, com isso, acelerar negócios




Depressão e ansiedade aumentam todos os anos em todo o mundo, e um dos grandes fatores por trás dessa epidemia é a falta de senso de propósito. Muitas pessoas têm, felizmente, despertado para essa questão, o que pode ser comprovado por meio do movimento das novas gerações.

Se os millennials já buscavam propósito em suas rotinas, a geração Z está debruçada sobre o tema diariamente. De certa forma, as redes sociais aceleram esse processo de busca pelo propósito ao possibilitar “acesso” a vidas luxuosas que são expostas, mas que criam a ilusão de que a vida de alguns é perfeita – e é essa narrativa que reforça a crença (errônea) de que dinheiro traz felicidade.


Felicidade significa mais dinheiro?

Dados pré-pandemia demonstraram que mais e mais pessoas têm saído da linha da pobreza. Nos últimos 20 anos, cerca de 135 mil pessoas ultrapassaram esta linha por dia. Chegamos, então, a quase 9% da população mundial passando fome, um dado inaceitável se encaramos as condições de produção, financeiras e tecnológicas existentes hoje.

E por que isso nos interessa? Porque muitos dos jovens dessa nova geração não viram seus pais passarem necessidades extremas ou pelos desafios de viver em tempos de guerras mundiais. Com isso, tomam como certo a estabilidade financeira e desejam cada vez mais. Mas o que seria esse “mais”? Se não despertaram para uma realidade que transcende a definição de sucesso padrão, este “mais” significa apenas “mais dinheiro”. Caso já tenham despertado, buscam ser mais felizes.

As igrejas perderam força, assim como a família, e o grande culto passa a ser o trabalho. Por uma vontade inerente ao ser humano de não assumir responsabilidade, nós, jovens, temos, em sua maioria, jogado para as empresas a responsabilidade de nos fazer felizes. Contudo, existe um ponto positivo nisso: muitos jovens passaram a entender que suas necessidades básicas foram cumpridas (como defende Maslow) e que agora precisam de mais, precisam ir além, e vão em busca de sua felicidade.


Felicidade mora em você

É aqui que entra o propósito, que nada mais é do que a busca pelo sentido da vida. É algo essencial quando tratamos de felicidade, e que cabe a cada um de nós encontrá-lo.

Numa sociedade cosmopolita, a criação de propósito e de sentido (que transcende o trabalho) é essencial. Viktor Frankl, fundador da Logoterapia, argumenta que encontrar o propósito é o fator mais importante na vida. Prisioneiro em Auschwitz, Frankl afirma que conseguiu ser feliz, de fato, lá dentro, apesar das condições desumanas, pois não é o entorno ou as circunstâncias que são definidoras da felicidade, mas a forma com que interpretamos e damos significância àquilo. A felicidade mora dentro de nós.

Por mais que a busca por propósito seja algo lindo e de natureza positiva, é necessário entender que se trata de uma construção, não algo que acontece instantaneamente. Mesmo depois de encontrar o seu propósito, ainda existirão dias desmotivadores. A vida é constituída de altos e baixos e a responsabilidade para a construção do nosso propósito, felicidade e sucesso é pessoal e intransferível.


Empresa feliz é empresa justa

As empresas não têm escapatória caso queiram atrair os melhores talentos, ponto fundamental para a manutenção de uma organização de sucesso. É preciso levar a sério o bem-estar e a felicidade. Trabalhar a felicidade em um negócio vai muito além de fazer palestras e workshops sobre o tópico, embora estes sempre tenham um aspecto positivo, causando impacto e demonstrando que a empresa preza pela saúde das pessoas. Porém, com uma agenda lotada, é comum que palestras e workshops virem mais um “to do” na lista dos colaboradores.

Felicidade, bem-estar, saúde mental, alimentação de qualidade, exercício, sono de qualidade, tempo de qualidade com a família e amigos e meditação precisam ser tópicos recorrentes, tópicos para uma harmonização cultural. Pergunte-se: está claro para todos o propósito da organização? Quais são os princípios? O manual de cultura é público? Os princípios são as competências essenciais da avaliação de performance? A campanha de premiação condiz com a cultura da empresa? Os resultados são transparentes a todos?

Existe um modelo de gestão que ajude as pessoas da ponta a sentirem sua importância e conexão aos resultados macro e propósito da organização? As pequenas vitórias são celebradas? Pesquisas de clima medem a felicidade dos colaboradores? Quais ações são geradas a partir dos dados? E, talvez, a pergunta mais pertinente: os principais executivos da organização se envolvem e estão presentes nos eventos da cultura?

Estamos passando por uma transformação cultural que impacta diretamente as organizações, uma mudança que ganha força e que acompanha duas ondas anteriores: a onda ambiental, que continuamente ganha mais espaço com o tópico ESG; a segunda, o foco na diversidade, no social. Não podemos construir uma sociedade justa e meritocrática se não dermos as mesmas oportunidades a todos, criando ambientes diversos e inclusivos. A máxima do ESG, em resumo, é pensar na felicidade de todos os stakeholders.

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Publicação na íntegra em: https://www.revistahsm.com.br/

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